segunda-feira, 29 de junho de 2009

Conta-me

Não tens culpa de nada. Nasceste sem o mesmo o quereres. Trouxeram-te a este mundo e nele te deixaram como se nunca tivesses nascido, deixando-te por tua conta, fazendo com que a tristeza te fizesse destemido.
A tua fragilidade, camuflada da tua astúcia, adquirida nessas ruas, cai todas as noites dos teus olhos como as cascatas rolando em pedras cinzentas.
As tuas mãos negras como carvão, contam tanto como as àrvores, que se decompuseram para o formar, retratando a tua árdua luta sedenta de trabalhar.
Tu sobrives, Não vives. Choras escondido agarrado às gélidas pedras da calçada. Comes do chão o que é lixo farto para os outros, que te vão alimentando a esperança que há muito perdeste, nesse dia em que nasceste.
Conta-me o que pensas, como vês a vida e porque lutas por montar o que te partiram desde sempre. Conta-me onde arranjas-te a coragem e força de lutar durante as esfomeadas buscas nos contentores.
Conta-me onde foste buscar esse teu sorriso verdadeiro por entre esses teus sonhos nos bancos do jardim, cobertos de jornal nas frias noites de Inverno.
Conta-me porque continuas a lutar sem nada teres...E conta-me porque eu, tendo mais que tu, desisti de montar o mesmo que a ti partiram, só que por diferentes razões.

sábado, 16 de maio de 2009

A Força das Palavras

Qual o objectivo da invenção da escrita?
Para gravar o passado e contar às gerações futuras, para guardar segredos, para nos expressarmos... Mas esquecemo-nos nós de quem lê, ou ouve as palavras?
Nem toda a gente entente o passado, nem toda a gente sabe desvendar segredos, nem toda a gente sabe entender o significado das palavras. Será que as palavras se destinam apenas a algumas pessoas? Se não se destinassem todas perceberiam o passado da mesma maneira, não haviam segredos para desvendar nos livros e toda a gente se compreendia mutuamente. Mas não. As coisas não são assim.
As palavras podem mover, emocionar e magoar.
Por isso, quando as proferimos ou escrevemos, sabendo que cada uma se destina a diferentes pessoas, devmos ter cuidado com as que ousamos largar.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Crónica Juvenil

A juventude é como o mundo: evolui com o tempo.
Faz parte do meu quotidiano, passar pelas ruas já tão pisadas, frequentemente. É esse facto que me faz pensar vezes sem conta, quem já pisou aquele chão e o que cada metro quadrado de terra já presenciou. Inúmeras situações suponho. Qual delas as mais importantes? As casuais? E as outras?
Talvez já tenha presenciado aquilo que por vezes vejo: os "crimes" da sociedade.
"Crimes" é uma palvara forte, com um significado carregado, que significa erros graves. Para revelar o que falo, era preciso formular e reformular uma série de conceitos filosóficos, mexendo com ética e moral. Mas, de uma maneira simples, posso referir "crimes" (segundo as regras estipuladas pela sociedade), como o desrespeito, a arrogância, o egoísmo e o próprio gosto pelo mal. No entanto, será certo julgar as pessoas por isso? Quem é a sociedade, se não passa de uma população de seres imperfeitos, comparando com o seu próprio ideal de divino (perfeição), para julgar a mesma sociedade que comete os "crimes", que ousa condenar a si mesma?
Resumidamente, todos nós somos "criminosos" de certa forma. Mas no fim de contas, somos nós que podemos escolher a gravidade dos erros que comentemos. É por isso que se pensa.

Rugas


O tempo passa
O velho senta,
O velho recorda,
O velho pensa...

Pensa no que foi,
No que era,
No que será.

Relembra o que já lá vai,
Vive o presente,
Imagina o que virá.

Não teme o fim
Mas temeu o início.
Pois tudo quanto morto está,
Vive eternamente
E tudo quanto vivo está,
Alcança o "finalmente".

Marcas na pele,
Feridas no coração...
Olhos carregados,
Olhos tão amados
De tanta, ou tão pouca emoção.

O jovem é a beleza,
O velho a decadência.
Mas o jovem é a inconsciência
E o velho sabedoria e paciência.

Por isso,
Ele senta,
Ele recorda,
Ele pensa...
Ele chora,
Ele ri
Captando toda a essência
Do mundo onde vive,
Sem ter medo do fim.